The creator of this blog is currently trying to be a proper adult. Here, they try to figure out life through photography, writing, music and the occasional existential crisis. Enjoy.
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Os exames estão cada vez mais próximos e o tempo é escasso mas encontrei umas imagens de um dos meus programas preferidos - Bunheads - e achei a mensagem bastante inspiradora e como acho que se relaciona perfeitamente com esta altura do campeonato, a escola a chegar ao fim e a escolha de novos caminhos etc etc, resolvi partilhá-la convosco.
Espero que as vossas férias estejam a ser mais tranquila do que as minhas...
Sempre fui uma criança estranha. Mas quem não o foi? Talvez aqueles que parecem não me compreender, apreender, conhecer.
Cresci a meio caminho da cidade e do campo, de cá para lá, volta e meia e troca o passo.
Olhava o mundo com tamanha curiosidade naqueles longos passeios pelo quintal da minha tia. Cada flor, cada erva ou pequeno inseto merecia a minha tentativa de o descodificar.
Sempre gostei de fixar a Lua, e as estrelas a cintilar. Pareciam-me obras de seres extraterrestres, algum tipo de vida inteligente que decidiu criar uma obra de tamanha beleza só para obter a atenção de uma criança trapalhona.
Parti a cabeça duas vezes, em tamanho frenesim. À segunda já tinha capacidade suficiente para também investigar esta. O pequeno fio de sangue vermelho vivo que me escorria da testa, passando pela cana do meu nariz ainda de 2-3 anos, aquele que se refletia no espelho por detrás dos lavatórios no cabeleireiro da minha mãe; aquele de onde os meus olhos não se podiam mover, tal era o interesse por este desconhecido fenómeno.
Talvez tenha sido esta a altura em que parte dos meus neurónios foi danificada, pois as memórias ficam muito vagas e disformes, ainda que me consiga lembrar de umas tantas que causariam tristeza a uma versão mais velha de mim própria.
A aversão não ao mundo, mas ao que ele continha. As pessoas rudes que preferiam levar os outros à sua bolha de solidão do que a tentarem resolver os seus próprios enigmas.
Não eram assim sós as minhas cicatrizes no topo da minha testa e sobrolho, tantas outras debatiam-se dentro de mim tentando corromper o meu espírito. Mas mesmo suprimido e um tanto corrompido, ele aqui ficava, aqui chorava, esperava.
E foi depois de seguir contra a escuridão que pude encontrar um rastilho de luz, aquele restinho de unicidade que se balançava por entre todas as ansiedades que a vida me presenteou.
E é assim que continuo a batalhar hoje. Não parece que o seja, ou que mereça tal honrosa designação. Mas é assim que se sente esta alma inacabada que procura tomar voo de entre as cinzas espalhadas no fundo do abismo.
E eu ainda procuro a razão de ser do mundo, e eu ainda respeito cada ser pulsante, e eu ainda me pergunto se o céu me quer dar asas.